PET IHAC PRESENTE NO II ENICECULT

Nos dias 24 e 25 de setembro de 2019, a petiana egressa Alana Barbosa e os petianos João Gabriel Modesto, Rodrigo Carvalho e Tauan Coutinho estiveram presentes no II Encontro Internacional de Cultura, Linguagens e Tecnologias (II ENICECULT). O evento ocorreu na Universidade Federal do Recôncavo Baiano, campus Santo Amaro/BA. O PET IHAC/UFBA esteve presente contribuindo para a execução dos objetivos do espaço com uma apresentação de trabalho e uma oficina, colaborando, portanto, para a construção entre pontes do conhecimento, através de trilhas epistemológicas e corpóreas atemporais.

 

No dia 24 de setembro, terça-feira, o petiano Rodrigo Carvalho apresentou o trabalho intitulado “Diálogos líteros-musicais: produção artístico cultural no ensino básico e tecnológico do IFBA campus Santo Amaro”. 

Enquanto isso, no dia 25, quarta-feira, a petiana egressa Alana Barbosa, bem como os petianos João Gabriel Modesto e Tauan Coutinho mediaram a Oficina Boneca Abayomi, artefato confeccionado pelas mulheres pretas escravizadas no interior dos navios negreiros. O propósito do espaço foi o compartilhamento de um símbolo de resistência com pessoas de diferentes gêneros e raças. Através da referida oficina durante o II ENICECULT, foi demonstrado de forma prática, lúdica e contextualizada os porquês da sua produção, que se iniciou em um contexto de tráfico de pessoas negras ao Brasil, conhecido como diáspora africana.

 

 

Segue a História da Boneca Abayomi abaixo:

 

A boneca de pano Abayomi, cujo nome em Iorubá, significa “caminho precioso” representa um símbolo político, de resistência, e de laços de afeto, realizado por mães africanas.

Confeccionada pelas vítimas da escravidão e do estupro, que viam na inocência das crianças a esperança para a libertação do seu povo, as bonecas eram feitas com retalhos de tecidos. Como estratégia de resistência, a Abayomi passeava pelo imaginário dos jovens descendentes africanos e afrodescendentes, a fim de preservar a ludicidade e executar a manutenção da utopia, em meio a barbárie exercida pelos escravizadores brancos europeus “civilizados”. O seu objetivo concerne na construção e na evidência da representatividade para aqueles que foram afastados das suas ancestralidades, bem como na reafirmação de que tais sujeitos têm poder para mudar os seus respectivos mundos, na medida em que se percebe o “mundo” que se têm em comum (MARIOTTO, 2014).

Inicialmente, pode-se perder de vista a importância da boneca, a qual se presenteia às crianças como um mero brinquedo, contudo, a Abayomi carrega consigo a representação social dos processos que constituíram social e historicamente o maior país da América Latina, assim como reflete metaforicamente sobre o desenraizamento, ou o desmembramento, sofrido de forma compulsória pela mãe África (DAVID, 2015).

 

 

A partir disso, evidencia-se as pressões exercidas pelo capitalismo, sistema político e econômico que se estrutura cruelmente, e em especial, sobre corpos que possuem a cor preta retinta e o gênero feminino, a partir das quais se pode projetar possíveis processos elucidativos e de superação de atitudes, preconceitos e práticas discriminatórias vigentes nas relações interpessoais e institucionais ainda que de forma velada (OLIVEIRA, 2016).

 

A compreensão das relações sociais de poder possibilita a ampliação dos nossos pensamentos, sendo estes conscientemente limitados pelos mecanismos ideológicos macropolíticos. Desta forma, a produção de narrativas corporificadas e legítimas acerca de si, a respeito de nós, e sobre a história brasileira, através do reconhecimento e do fortalecimento da nossa identidade popular tenta refletir a trajetória diaspórica ao representar os “nossos passos que veem de longe”, que não irão cessar, visto que o objetivo é seguir em rumo à emancipação individual e coletiva (SILVA, 2009).

 

Referências

DAVID, Mônica Cristiane David; RIBAS, Cíntia Cargnin Cavalheiro; KNAUT, Michelle Souza Julio.

ABAYOMI NÃO É BRINQUEDO! Revista Práxis. V. 3, n. 21, 2015. Disponível em: <http://www.opet.com.br/faculdade/revista-praxis/pdf/n3/em-abayomi-n%C3%A3o-e-brinquedo.pdf>. Acesso em: 17 março 2018.

MARIOTTO, Jucilene do Rocio. OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas 2014. UNESPAR: v. 2, 14- 17, 2014.

OLIVEIRA, Fernanda Soares de. AMARRANDO TECIDOS E DESATANDO PRECONCEITOS: BONECAS ABAYOMI COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA. Feira de Santana: VIII Encontro Estadual de História, p. 1-10, 2016.

SILVA, Sonia Maria de. EXPERIÊNCIA ABAYOMI: COLETIVOS, ANCESTRAIS, FEMININOS, ARTESANIANDO EMPODERAMENTOS. Salvador: V ENECULT, p. 1- 16, 2009.

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